sábado, 28 de agosto de 2010

A QUESTÃO DA IGREJA NAS ELEIÇÕES 2010

A Igreja Católica nos últimos anos se comportou de maneira tão subserviente com relação aos desmandos e aos escândalos do governo "ético" dos petistas que agora está em uma posição desconfortável, para não dizer vexatória.

A nossa Igreja Católica está num beco sem saída. Apoiar uma candidata que apoia expressamente políticas públicas tão contrárias à posição doutrinária do catolicismo, expõe demais o grau de politicagem existente na administração da Igreja. Seria passar atestado de submissão aos desejos de um partido que sempre dominou o clero de uma forma geral.

De outro lado, deixar de apoiar a candidata de um partido que desde sua criação foi tão parceiro, será romper um vínculo que à Igreja, pelo que tudo indica, não interessa. Essa parceria foi tão profícua e tão escandalosamente protegida pelo clero nacional, que as entranhas da nossa Igreja está impregnada de ações que mais parecem ações partidárias que ações pastorais. E isso não é de hoje.

Lembro que em 1979/80, quando esse pessoal começou sua escalada, eu morava em São Paulo e frequentava uma paróquia que fazia divisa com Diadema. Nesta época as greves no ABC pipocavam sob o comando daquele que se tornou o "ético-mor" de nossa república-sindicalista. A Igreja se mobilizava para formar fundo de greve e ajudar as famílias durante a paralização. Quando as greves acabavam era terrível. O que os sindicatos faziam de homologação de demissões dos ex-grevistas não fazia sentido. Na época não compreendia aquilo direito. Pois a Igreja tinha que fazer campanha para dar suporte à greve e para manter os que perderam emprego por causa da greve. Isso tudo, nunca foi divulgado. O que interessava era o que aparecia na grande imprensa e a grande imprensa divulgava que as greves eram vitoriosas. Hoje compreendo tudo o que acontecia e, para falar o mínimo, não existe almoço grátis.

Portanto, desde sempre, a nossa Igreja Católica apoiou essa turma, que agora apresenta uma candidata que é frontalmente contrária a várias doutrinas tão calorosamente defendidas por todos os escalões da Igreja. E agora, o que fazer? Apoiar Dilma significa rasgar algumas posições caras para nossa Igreja, especialmente com relação ao aborto. Não apoiar Dilma significa rasgar um passado recente da maioria do clero brasileiro que cuidaram de associar de forma cabal o Partido do Trabalhadores com a Igreja Católica. Realmente nossa Igreja está numa situação difícil.

Seria muito bom para o futuro da nossa Igreja que ela fosse apartidária e não se imiscuisse em assuntos políticos-eleitorais e baseasse suas ações na pastoralidade e se preocupasse com política no sentido de resgatar o ser humano, dando-lhe dignidade e levando-o à condição de pessoa livre. Mas, ao invés disso, vejo nossa Igreja fazer a política rasteira dos partidos políticos, especialmente desse partido que está no poder e, com isso, coloca o ser humano na condição sub-humana de dependência, que estará sempre esperando o favor de alguém para continuar a sobreviver, mantendo-se amarrado a um ou outro político ou a um ou outro partido.

Espero que a minha, a nossa Igreja Católica, consiga resolver esta questão de forma a não comprometer suas posições que, concorde a candidata ou não, está na gênesis de sua fundação e, embora possa merecer um reparo aqui e ali, são posições que mantém os fiéis unidos a ela há quase 2000 anos.

Um comentário:

  1. Meu querido Jonas. A Igreja realmente tem muito do que se envergonhar, inclusive por toda sua inércia e subserviência a ditadura militar brasileira, e por sempre ter apoiado um governo de poucos para poucos. Com a graça do bom Deus o Brasil continuará no rumo certo, e por fim, vamos enSERRA esse papo pois DILMA uma coisa eu já sei.....Vai ser no primeiro turno! Abs

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